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"Não seremos felizes sozinhos, precisamos de uma doce companhia e quando encontramos... desejaremos estar ao lado dela. Não por um momento, mas por toda a eternidade." (Celso Oliveira).

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Violência Noturna



 Era mais um dia como de sempre. Saía às 22 horas da faculdade. Cansado e acabado de um dia muito estressante de trabalho. Chegando em casa deito-me para descansar, se é que se pode dizer que apenas 5 horas dormindo seja um descanso. Uma noite de descanso era tudo que eu queria, eu poderia dá a vida para uma noite bem dormida. Mas fui injustiçado pela face da realidade “a violência noturna que se dissipa como nuvem sobre o território nacional- e naquela noite estava na rua de minha casa.
Eu morava numa cidade muito pacata, nada haver com outras localidades desenvolvidas ou violentas – em nada se parecia com o Rio de Janeiro que os meios de comunicação divulgavam- porém eu pude sentir naquele momento como algumas pessoas das favelas vivem, sentem-se em meio tiroteio, em balas voando entre os espaços.
Ao deitar-me para repousar escuto simplesmente um gritar perto de minha casa. Não um gritar de alegria, mas de desespero. Uma mulher – sozinha e inocente – estava sendo assaltada em frente minha porta – não se podia fazer nada, senão ficar apreensivo e rogar para que o divino tivesse piedade daquela inocente. Era somente uma preliminar para o que estava para vim naquela noite que não teria fim.
Aquela mulher que era apenas uma vítima de assalto, no amanhecer seria apenas um desenho feito por uma barra de giz. Acho que teria um pesadelo se eu pudesse dormir naquela noite - vivia uma realidade que só conhecia nos noticiários de TV. Nunca dei audiência para isso, mas aquela cena oferecida no palco de minha rua, não podia ser modificada, eu não tinha o controle, ninguém tinha o controle.
Como um som de alento se escuta a sirene de uma viatura soar bem longe, uma distância bem suficiente para o antagonista se livrar da punição. Mas esse antagonista era parecido como os que aparecem nos cinemas, à diferença é que a arma era de verdade, a munição de verdade e o seu dispara doía muito. Eu os ouvia. Via a procura da polícia nas esquinas das ruas e quintais da vizinhança. Sentado ainda pensei que tudo seria um grande pesadelo. Um pesadelo com os olhos abertos. É bem provável que os “mocinhos” tenham conseguido prender o antagonista, mas o que importa isso para a família daquela que estar desenhada na rua com um giz? Mesmo que se clame justiça não se trará a vida de mais uma inocente; isso se assemelha como um doce que se dá para a criança quando se quer acalentá-la de um incessante choro. Mas assim que o doce acabar mais uma vez ela voltará a lamentar.
A violência noturna é assim, ontem foi na rua de minha casa. Amanhã será na do vizinho. Não tem explicação. E sempre terá alguém que não conseguirá dormir uma noite de sono. Seja ouvindo, vendo ou sentindo os efeitos da realidade.
                                                Celso Freitas Oliveira

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