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"Não seremos felizes sozinhos, precisamos de uma doce companhia e quando encontramos... desejaremos estar ao lado dela. Não por um momento, mas por toda a eternidade." (Celso Oliveira).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

FRUTO DO SISTEMA

Nunca gostei de entrar num hospital, sequer ser atendidos por médicos da rede pública. Não por eles serem ruins, mas por não se importarem com as pessoas que procuram atendimento. Um fruto que veio deste sistema.

Porém, naquele dia amanheci com a coluna toda dolorida, para não dizer que eu estava morrendo de dor.

Ó céus como doía!

Se deitado ficava, doía; se em pé, a coisa ficava crítica.

Dava de se pensar que eu tinha uma espada em minha medula. Era fim de mês, eu só tinha em meu bolso um vale transporte, então teria que ir a pé e voltar de “bus”. Era cerca de 40 minutos a pé de minha casa até o P.S. Sem ter para onde correr entrei nessa e fui andando, parecia mais um jabuti, a diferença é que faltava o casco duro e forte, pois o meu estava naquele momento muito frágil.

Foi um sacrifício até chegar lá. Se fosse possível eu me denunciaria por crime de tortura, sendo eu o agente e paciente.

Então o processo de minha cura começou assim:

Desde a entrada avistei a longa fila - ó céus que fila- com isso não me assustei muito, já que tudo que precisamos fazer necessitamos formar uma fila – sim, fruto deste sistema.

Clamei ao atendente para que tivesse piedade de mim, mas em nada despertou misericórdia nele - ó que homem duro de coração - Eu só poderia entrar logo se fosse caso de emergência, mas o meu caso era emergência. Contudo o conceito dele era muito diferente do meu. Neste sistema emergência é o seguinte:

Uma fratura exposta; alguém esfaqueado; um tiro na cabeça; uma vítima quase fatal do trânsito etc.

Minha coluna seria algo insignificante – um conceito elaborado pelo sistema.

Sem poder fazer nada, fico na fila de espera em pé. Não teria como eu exigir que alguém cedesse um banco para que eu sentasse, já que quem está em um hospital significa possibilidade de morte.

E a dor continuava e aumentava cada vez mais.

Por incrível que pareça depois de duas longas horas de espera eu sou chamado para ser consultado- ó céus! Graças a Deus.

Chegando ao ambulatório o médico pega minha ficha, sem nem olhar para mim perguntou:

- O que você tem?

Quando eu disse que minha coluna estava doendo, ele já me interrompeu sem deixar um falar mais nada e com a cabeça abaixada escreveu numa receita:

Tomar cataflan (acho que é assim) de 8 em 8 h. E já disse:

- O próximo

Ó céus que sistema é esse?

Não acreditei naquilo. Aguardei tanto tempo para ser atendido dessa forma. Por isso que a saúde é garantida na constituição. Fica fácil fazer assim.

Voltei para casa com dor, com uma receita, mas sem dinheiro para comprar o remédio.

Ó que médico! Contudo eu não o culpo. O causador de tudo isso é o sistema, que não ampara ninguém que tem os direitos garantidos. Como por exemplo:

Eu e você.


Por Celso f. Oliveira

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